"Interpretação - abrito1953@gmail.com" (ver original no final)
Os marinheiros para se divertirem, costumam
Prender o albatros, essa linda aves dos oceanos,
Que os acompanha, seguindo o navio
Que desliza suavemente sobre as ondas furiosas.
Tão logo estão no convés,
Esses reis do azul, ficam tortos e envergonhados,
De modo triste caem suas grandes asas brancas,
como se fossem dois remos de cada lado.
Esse ave dos ares, fica sem jeito e desequilibradas,
Ela, que era tão bela, fica ridícula e desajeitada!
Um coloca um cachimbo em seu bico,
Outro a imita como se fosse um aleijado que voa.
O poeta é como se fosse um príncipe das nuvens.
Que enfrenta as tempestades e ri das flechas
Preso ao solo no meio da gritaria dos ignorantes.
Suas asas de gigante o impedem de marchar.
O albatroz [Charles Baudelaire] [Guilherme de Almeida]
Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.
Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.
Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico um cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
O Poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
Tradução: Guilherme de Almeida
Os marinheiros para se divertirem, costumam
Prender o albatros, essa linda aves dos oceanos,
Que os acompanha, seguindo o navio
Que desliza suavemente sobre as ondas furiosas.
Tão logo ficam no convés,
Esses reis do azul, ficam tortos e envergonhados,
De modo triste caem suas grandes asas brancas,
como se fossem dois remos de cada lado.
Esse ave dos ares, fica sem jeito e desajeitada,
Ela que era tão bela fica ridícula e desajeitada!
Um coloca um cachimbo em seu bico,
Outro a imita como se fosse um aleijado que voa.
O poeta é como se fosse um príncipe das nuvens.
Que enfrenta as tempestades e ri das flechas
Preso ao solo no meio da gritaria dos ignorantes.
Suas asas de gigante o impedem de marchar.
Original em Francês
Souvent, pour s’amuser, les hommes d’équipage
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage,
Le navire glissant sur les gouffres amers.
A peine les ont-ils déposés sur les planches,
Que ces rois de l’azur, maladroits et honteux,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches
Comme des avirons traîner à côté d’eux.
Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule!
Lui, naguère si beau, qu’il est comique et laid!
L’un agace son bec avec un brûle-gueule,
L’autre mime, en boitant, l’infirme qui volait!
Le Poète est semblable au prince des nuées
Qui hante la tempête et se rit de l’archer;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant l’empêchent de marcher.